30 dezembro 2011

You come to love not by finding the perfect person, but by seeing an imperfect person perfectly.


Sam Keen.

20 dezembro 2011

[...]Ninguém consegue dizer o que é a vida. O que quer que se diga sobre ela tem-se sempre razão. Surpreendente, inesgotável, profundamente injusta, violenta, implacável, atrozmente bela. Ambígua. Começa a fazer uma lista na cabeça e depois desiste. É enorme dizer vida.

Pedro Paixão, em Rosa Vermelha em Quarto Escuro
Dou o passo
volto a viver aquilo que ja me tinha esquecido,
que podia viver,
que sabia sentir,
que sabia viver

Ó gloriosa alegria
que nasces de mansinho no horizonte
que trazes contigo aquela vida
brilhante,
quente,
viciante.

Como se vive aseguir a
uma vida?

19 dezembro 2011

Sabe que atravessou uma fronteira mas não sabe dizer qual. Se alguém lhe perguntasse faria um esforço e talvez encontrasse não a resposta certa mas a possível que calasse a pergunta. Mas não há quem lhe pergunte. Vai até ao espelho do quarto de banho e olha a sua cara. Tão estranho ter-se uma cara. O lugar dos olhos. O desenho dos lábios. A cor da pele. Passa água fresca sobre a cara. Não se seca com a toalha que está mesmo ao seu lado direito. Continua a olhar-se com a cara molhada. O que nos une é a mesma ignorância. É uma frase que lhe vem com frequência à cabeça nas últimas semanas.


Pedro Paixão, em Rosa Vermelha em Quarto Escuro

05 dezembro 2011

[...]Em certo serão de Inverno, Sofia, Ana quebrou-te, creio que por descuido, um braço a uma boneca. Tu foste para o quarto, grave, sem uma lágrima. E de um a um quebraste todos os teus bonecos, impedindo violentamente que te levassem os cacos: melhor a naúsea das compensações medianas, preferias o absoluto da destruíção.

Aparição, de Vergílio Ferreira

01 dezembro 2011

Quando me aproximei, senti
através do calor provocado pela febre,
esse perfume misterioso que emana de uma mulher.

Que por si só, contém todos os perfumes das flores.

E o medo de voltar a cegar.
Voltar, não podendo voltar.

26 novembro 2011

Manet








































#Dose dupla, aliás. Para que desça, pela garganta, como as melhores bebidas. Para que suba, até o cérebro, como os mais fortes ácidos. Para que nos arraste, até o fundo do poço, como a mais real tristeza. 

Rebecca Funke

24.11.11

1.
"Este amor, esta fúria mansa nos dedos que tocaram teus pulsos, ainda ontem.".



Obsessão: o tempo parou
Falas no sonho

Queres falar, mas não sabes.
Soltas grunhidos
frustrados, lentos demais.
Tédio. Só tédio.
Mais um dia, menos um dia.
Não, não estou a chorar. Mas tenho
feridas nos ombros e os lábios inchados.




Há quanto tempo! Cantámos. Fizémos amor.
As duas! Tua amas-me? Não, não quero mais vinho.
Beijaste-me. Eu lembro-me.
Tu dormias. Nua.

Que sede esta que estrangula os olhos e
me tira a serenidade que plantaste em mim,
ainda ontem.
Não, não quero mais vinho.

"É um corpo nu
enfim
firmemente nu.
Como uma lâmina de guilhotina gritante."


Amo-te sem corpo, nas mãos.

24 novembro 2011

quero estar à hora exacta
mesmo que seja demasiado tarde
jerzy ficowski

1:36 am 

21 novembro 2011

4/4/11

Senta-te comigo,
partilha-me na loucura.
O abismo.
Um ano, dois, três anos.
Uma vida inteira que nos suga
(só mais um passo)
vamos fingir que ainda vivemos.
Só mais um passo.

14 outubro 2011



and it's MINE!
"«- Mas há dores que matam - disse-lhe.
«- E a morte ou o esquecimento, não se trata da mesma coisa? A primeira é a sepultura do corpo e o segundo é a do coração. É tudo."

"[...]chega então o momento em que o coração esvaziado se enche novamente e a ferida cicatriza."

"Deve ter má opinião sobre a minha dor que fazendo-me sonhar de dia, não me impede de dançar à noite. Compreenda: há desgostos que é preciso relegar para o fundo do coração, para que ninguém se inteire de nada; há torturas que é preciso mascarar com um sorriso, para que ninguém as adivinhe, e eu desejo guardar o meu sofrimento só para mim,como outra pessoa guardaria a sua alegria."



História de um morto contada por ele próprio | Alexandre Dumas

13 outubro 2011





















Cabelos suados.
Mãos tuas percorrendo vales e rios a procura do que sou.
Descobrindo-me enfim. Nos olhos de uma noite qualquer, desde que seja uma noite quente e sem remorsos.

41

   nunca serás tu
ou tu
       foste         talvez sempre      Tu
ainda agora


e aqui        no tempo sem tempo
a força é amor e eu sei
que o Amor Absoluto não depende
nem do tempo     nem do espaço
porque o amor não depende
o amor É
ou não é.

A Mar Te | Lena D'Água

12 outubro 2011

Ana Karina

Song To Say Goodbye




Give me mysef back
Por que esperas? Só um passo.
Só um passo.

1

Como é dolorosa, esta teima de sofrer passiva
o drama deste mundo que se queima em cada
monte de ervas verdes!

Dóis-me. Tu não sabes como me sinto - sempre
esta mania de me convencer de que sofro. É verdade.
Queria-te aqui. Despido de memória.
Mergulhaste neste lago e eu lavei-te a boca e
os olhos. Depois vieste dormir com o coração no meu
colo de mãe. Vem outra vez. Volta ao princípio
de um mundo em que te conheci. Vem outra vez.
E outra [...]
Ou não [...]

A Mar Te | Lena D'Água
Adormeço entre a margem segura e o rio
o meu braço vagueia, frio e desfeito no
correr precipitado de um soluçar recluso,
dorido.

NOITE em Si

Um adeus perfeito | Lídia Martinez

10 outubro 2011

E para quê destruir o mundo todo?
Para reconstruir o meu.

O Vencedor está Só | Paulo Coelho

09 outubro 2011

Essa outra que toca o corpo que era meu
essa outra que bebe o líquido do teu ventre quente.
Essa outra que será mais que eu,
essa outra que terá mais que eu.

Não te amará mais que eu.

07 outubro 2011

devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.

José Luís Peixoto

27 setembro 2011

Sou eu que me chamo nas vozes que oiço,
sou eu quem se ri nos dentes que range,
sou eu quem me corto a mim mesmo o pescoço,
sou eu que sou doido,
sou eu que sou anjo.

Queixa e Imprecações dum Condenado à Morte | Ary dos Santos

24 setembro 2011

Senti, de um momento para o outro, que tudo me era indiferente, que tanto me fazia que o mundo existisse como não.

O Sonho de Um Homem Ridículo | Dostoiévski
Há qualquer coisa em mim que só conseguirá desabrochar quando eu achar o certo chão do meu corpo.

Esse Tal Alguém | Teresa Rita Lopes

21 setembro 2011

Cai. Derrapa. Diz coisas idiotas. Faz coisas idiotas. Veste-se como se ainda olhassem para ela.

19 setembro 2011

Meu Deus! Um minuto inteiro de felicidade! Afinal, não basta isso para encher a vida inteira de um homem?


Noites Brancas | Dostoiévski

15 setembro 2011


A sua dor era tão grande que pondo a mão na sua fronte sentia todo o seu esqueleto.






Mário de Sá-Carneiro

08 setembro 2011

diz que não sabe do medo da morte do amor
diz que tem medo da morte do amor
diz que o amor é morte é medo
diz que a morte é medo é amor
diz que não sabe


Alejandra Pizarnik
Assim tudo o que existe, simplesmente existe. O resto é uma espécie de sono [...]

Fernando Pessoa

18 julho 2011

10 julho 2011

Vem, serenidade!
faz com que os beijos cheguem à altura dos ombros
e com que os ombros subam à altura dos lábios,
faz com que os lábios cheguem à altura dos beijos.


Raul de Carvalho

08 julho 2011

09 junho 2011

Traço o ponto de partida.
Desisto de um sonho de cada vez.

"Viver sempre também cansa." (José Gomes Ferreira)

23 maio 2011

Leo Tolstoy: Despite good cause for it, I have never stopped loving you.
Sofya Tolstaya: Of course.
Leo Tolstoy: But God knows you don't make it easy!
Sofya Tolstaya: Why should it be easy? I am the work of your life, you are the work of mine. That's what love is.
The Last Station

03 abril 2011





André: Who'd be dead if I hadn't saved you?
Angel-A: Who'd be dead if there wasn't anyone to save?
É preciso saber escolher as próprias ignorâncias.
Manuel Bandeira

01 abril 2011

I’m a liar because I wont tell you everything
I’m stupid because sometimes im wrong
I’m ugly because my face isn’t perfect
I’m a pushover because I like making people happy
I’m a loser because I’m a not friend with your group
I’m fake because I’m too nice
I’m weird because I’m not like you
I’m fat because I eat when I’m hungry.
I’m clingy because I don’t like to be alone
I’m insecure because I care about what people think of me.
I’m no fun because I'm not always hyper?
Don’t try to tell me who I am
Because
I ALREADY KNOW :)

I Need Him quotes

17 março 2011

Ah, que me metam entre cobertores,
E não me façam mais nada!...
Que a porta do meu quarto fique para sempre fechada,
Que não se abra mesmo para ti se tu lá fores!


Mário de Sá-Carneiro
Mas se um dia voltares, Nému, acorda-me, como inesperadamente me acordaste uma noite. Não me deixes dormir mais, desperta-me e tudo se iluminará num gesto, num sorriso teu. Talvez não seja tarde ainda para começarmos a regressar um ao outro. Basta beber o mel que sempre bebemos no sexo um do outro, e de novo sentir o turbilhão de alegria que nos despertava a meio da noite para o amor.(...)

Al Berto | O Lunário

15 março 2011

Closer
Hoje doi-me a alma. Doi-me tanto que quero arrancá-la de dentro de mim. Choro, choro até ficar com os olhos inchados, toda a cara inchada, todos os poros inchados... Toda a alma inchada... Ontem fiz tantas coisas, hoje ainda poderia fazer tantas coisas, mas não faço nada. Já não faço nada. Já não há nada que me faça mexer.

Hoje doi-me a alma.



I am damaged at best,
like you've already figured out

13 março 2011

Terceira Carta

Que vai ser de mim, e que queres tu que eu faça? Estou longe de tudo o que futurei! Contava que me escrevesses de todas as terras por onde passasses e que as tuas cartas fossem muito grandes. Cuidava que desses alento à minha paixão com a esperança de tornar a ver-te; que uma confiança completa na tua fidelidade me trouxesse algum sossego, e que assim eu ficasse numa situação mais aliviada sem dores ainda maiores. Chegara até a formar uns leves projetos de empregar todos os esforços de que fosse capaz para me sarar, se viesse a ter a certeza de que me esqueceras de todo.

O teu afastamento, alguns rebates de devoção; o receio de estragar sem remédio a pouca saúde que me resta com tantas vigílias e apoquentações; a minguada esperança no teu regresso, a frieza da tua afeição e dos teus últimos adeuses, a tua partida fundamentada em pretextos fracos, e mil outras razões boas demais e demasiado simples pareciam oferecer-me um amparo firme, se dele necessitasse. Só e tendo de batalhar comigo mesma, mal podia desconfiar de todas as minhas fraquezas, nem adivinhar tudo o que hoje padeço.

Pobre de mim! Digna de lástima que sou por não poder partilhar contigo as minhas penas e ser eu só a desgraçada! Tira-me a vida este pensamento. Morro de desgosto ao imaginar que nunca gozaste verdadeiramente os nossos enlevos. Sim, conheço agora a má fé de todas as tuas intenções. Atraiçoavas-me todas as vezes que me dizias que o teu maior contentamento era estar a sós comigo. Somente às minhas importunações devo os teus transportes e afagos... Formaste de caso pensado a intenção de me entontecer. Consideraste a minha paixão uma vitória tua sem que o teu coração nela entrasse em coisa nenhuma. És assim tão vil e tens tão pouca delicadeza que não soubeste tirar melhor proveito dos meus arrebatamentos? E como é possível que com tanto amor eu não conseguisse dar-te uma felicidade perfeita? Lamento, por amor de ti apenas, as venturas sem par que perdeste. Que mau sestro te levou a não as querer gozar? Ai, se as provaras, verias que eram mais gostosas que a satisfação de me haveres seduzido, e reconhecerias que se é mais feliz e que é bem mais agradável amar com ardor do que ser amado.

Não sei já o que sou, nem o que faço, nem o que quero. Espedaçam-me impulsos desencontrados. Alguém poderá imaginar um estado tão lastimoso? Amo-te doidamente e quero-te também que nem me atrevo a desejar que em ti se renovem arrebatamentos iguais aos meus. Morria ou acabaria por morrer de mágoas se estiver certa de que não podias ter descanso, que a tua vida era só desassossego e desvairo, que passavas o tempo a chorar e que tudo te causava desgosto. Se mal posso com as minhas penas, como agüentaria a dor de ver as tuas, que sinto mil vezes mais?

Apesar de tudo não tenho ânimo para desejar que não me tragas no pensamento. E, para falar com franqueza, tenho ciúmes pavorosos de quanto possa dar-te contentamento e diz respeito ao teu coração, e do que te cause agrado em França.

Não sei por que te escrevo. Vejo bem que só te mereço compaixão e não quero a tua compaixão. Desprezo-me a mim mesma quando considero em tudo o que te sacrifiquei. Perdi a reputação, provoquei as iras dos meus, os rigores das leis deste Reino para com as freiras e a tua ingratidão que me parece o pior de todos os males.

E sem embargo sinto que os meus remorsos não são verdadeiros, que do íntimo do coração desejava ter corrido, por amor de ti, perigos ainda maiores e que é para mim um funesto prazer haver arriscado por ti a vida e a honra. Não devia eu dar-te o que tivesse de mais valioso? E não é justa a minha satisfação por ter procedido como procedi? Afigura-se-me que ainda não estou bastante satisfeita com os meus desgostos nem com o meu demasiado amor, embora não possa, ai de mim, iludir-me bastante para estar contente contigo.

Vivo ainda, pérfida que sou, e faço tanto para conservar a vida como para a perder. Ai, morro de vergonha! Mas então este desespero só é verdadeiro nas minhas cartas? Se te amasse tanto como te tenho dito mil vezes, não era para estar morta há muito tempo? Enganei-te e afinal de contas és tu quem tem razão de queixa contra mim. Ai, por que não te lamentas, meu bem?
 
Vi-te partir, já não posso esperar que voltes e continuo a respirar. Atraiçoei-te, peço perdão. Mas não mo dás. Trata-me com mais rigor. Não julgues os meus sentimentos bastante sinceros. Sê mais custoso de contentar. Manda-me morrer de amor por ti. Imploro-te que me dês algum adjutério para vencer a minha debilidade de mulher e acabar com tantas irresoluções, se preciso for por um ato de verdadeiro desespero. Um fim trágico obrigava-te com certeza a pensar muitas vezes em mim e ficarias a crer mais em minha memória. E talvez te compungisse mais uma morte fora do comum. Não valia mais do que a situação a que me reduziste?
 
Adeus, quem dera que não te houvesse conhecido! Pobre de mim, sei bem que estou a mentir e reconheço que neste mesmo instante em que te escrevo sou mais feliz no meio das minhas desventuras, amando-te, do que seria se não te houvesse conhecido! Sujeito-me, pois, sem me queixar da minha má sorte já que não quiseste torná-la melhor.

Adeus, promete lastimar-me carinhosamente, se eu morrer de mágoa, e que ao menos o desconforme desta minha paixão te desgoste e afaste de tudo. Esta consolação me chega e se é forçoso que te perca para sempre, quisera ao menos não te deixar a outra. Seria uma grande crueldade tua servires-te do meu infortúnio para te fazeres amar e gabares-te de que acendeste a maior paixão que houve no mundo.

Adeus, ainda uma vez. Escrevo-te cartas muito grandes, não tenho contemplação por ti, perdoa-me. Quero crer que terás alguma indulgência para com uma pobre doida que não o era, bem sabes, antes de te amar.

Adeus, parece-me que te falo demais do estado lastimoso em que me encontro. Mas agradeço-te do íntimo do coração os tormentos que me deste aborreço o descanso em que vivi até ao momento de te conhecer.

Adeus, a minha paixão cresce a todo o instante. Ai, quantas coisas para te dizer!

Mariana Alcofarado, Carta Portuguesas
FUCK YOU :)

09 março 2011



Is it dark enough?
Can you see me?
Do you want me?
Can you reach me?
Or I'm leaving
A – Pessimismo
• Maneira negativa e sombria de perceber as coisas do mundo
• A pessoa projecto no outro as ideias pessimistas que têm a seu próprio respeito


B – Generalizações
• Generalização de pensamentos negativos
• Valorização do lado ruim das coisas
• Ex: “tudo o que eu faço está errado”
• Não leva em consideração o lado bom da vida
• Não leva em conta também a saúde e bem estar daqueles que lhe são queridos
• Excluí de suas generalizações qualquer elemento positivo de sua vida
• Afecto rebaixado

C – Pensamento Inseguro
• É comum
• Grande sensação de insegurança
• Faz com que a pessoa evite certos lugares ou tome alguma decisão
• Se reforça na tendência às generalizações
• Há um constante questionamento

07 março 2011





Natacha Von Braun: You're looking at me very strangely.
Natacha Von Braun: You're waiting for me to say something to you.
Natacha Von Braun: I don't know what to say. They're words I don't know. I wasn't taught them. Help me.
Lemmy Caution: Impossible. Help yourself; then you will be saved. If you don't, you're as lost as the dead of Alphaville.
Natacha Von Braun: I... you... love. I love you.
The only thing more dangerous than war is LOVE.

The edge of love | John Maybury

03 março 2011

Paris When It Sizzles | Audrey Hepburn 




















Actually, depravity can be terribly boring if you don't smoke or drink.
























- O que é o amor? Qualquer tipo de amor?
- A melhor definição seria: o amor é o amor.
- Você já sofreu muito por amor?
- Estou disposto a sofrer mais.


Clarice Lispector. A descoberta do Mundo. Entrevista a Pablo Neruda.
A loucura, longe de ser uma anomalia, é a condição normal humana.
Não ter consciência dela, e ela não ser grande, é ser homem normal.
Não ter consciência dela e ela ser grande, é ser louco.
Ter consciência dela e ela ser pequena é ser desiludido.
Ter consciência dela e ela ser grande é ser gênio.
 
Fernando Pessoa | Aforismos e Afins
Quando mo vieram contar, senti o frio
de uma lâmina de aço nas entranhas;
apoiei-me no muro e um momento
perdi a consciência de onde estava.
A noite abateu-se em meu espírito;
em ira e piedade afogou-se-me a alma;
e então compreendi porque se chora,
e então compreendi porque se mata!

Passou a noite de sofrimento...a custo;
pude balbuciar breves palavras...
Quem me deu a notícia?...Um bom amigo...
Fazia-me um favor. Rendi-lhe graças.



Gustavo Adolfo Bécquer


You cut me like a double edge sword
now I've split in the middle tell me which side do you pick?

27 fevereiro 2011

25 fevereiro 2011

24 fevereiro 2011

conheço de cor as curvas do teu sorriso
o cheiro da tua pele
os movimentos do teu corpo.

o vazio sem ti.

23 fevereiro 2011

o amor é uma verdade. é por isso que a ilusão é necessária. a ilusão é bonita, não faz mal. que se invente e minta e sonhe o que quiser. o amor é uma coisa, a vida é outra. a realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. a vida que se lixe. num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. ama-se alguém. por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. o coração guarda o que se nos escapa das mãos. e durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. não é para perceber. é sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. não se pode resistir. a vida é uma coisa, o amor é outra. a vida dura a vida inteira, o amor não. só um mundo de amor pode durar a vida inteira. e valê-la também.

 Miguel Esteves Cardoso # Claviceps Purpúrea
se a luz é tanta,
como se pode morrer?


Eugénio de Andrade

21 fevereiro 2011

Preciso habituar-me ao eco dos teus passos
numa casa deserta. 


Raul de Carvalho

18 fevereiro 2011

A woman under the influence | Cassavetes














Condenado à morte!
Há  já cinco semanas que vivo com este pensamento, sempre sozinho com ele, sempre gelado pela sua presença, sempre curvado sob o seu peso!

Vítor Hugo | O último dia dum condenado

16 fevereiro 2011




I remember the corner
The corner of your colours, the corner of youre smile, the corner where we kissed.
The street corners turning the corners of the corridor
into the corners of the room that we lay.
The corner of your mouth, of your eyes.
The corner of words we didn't finish.
The corner of your name
on the corner where we parted.
I remember the corner.

14 fevereiro 2011

Vivre sa Vie | Jean-Luc Godard
1 peq. almoço, 1 almoço, 1/2 jantar, 1 deitar.



















Porque o melhor, enfim
É não ouvir, nem ver...
Passarem sobre mim
E nada me doer!

Cessai de cogitar, o abismo não sondeis.

Adormecei. Não suspireis. Não respireis.


Camilo Pessanha

12 fevereiro 2011

Ontem à noite

Ontem à noite, depois da sua partida definitiva, fui para aquela sala do rés-do-chão que dá para o parque, fui para ali onde fico sempre no mês de junho, esse mês que inaugura o Inverno. Tinha varrido a casa, tinha limpo tudo como se fosse antes do meu funeral. Estava tudo depurado de vida, isento, vazio de sinais, e depois disse para comigo: vou começar a escrever para me curar da mentira de um amor que acaba. Tinha lavado as minhas coisas, quatro coisas, estava tudo limpo, o meu corpo, o meu cabelo, a minha roupa, e também aquilo que encerrava o todo, o corpo e a roupa, estes quartos, esta casa, este parque. E depois comecei a escrever…

Marguerite Duras



You don't know who you are
You just have to know that mirror look
And all, everyone, everything, is too much
For you
Persona | Bergman

Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
A minha face?


Cecília Meireles | Retrato

10 fevereiro 2011

fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido
com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro
do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir
que está tudo bem
: olhas-me e só tu sabes: na rua onde
os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas
não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão
desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós
olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver
sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de
medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto
dentro de mim: será que vou morrer? olhas-me e só tu sabes:
ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer:
amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um
oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga. 



José Luís Peixoto
Psycho | Alfred Hitchcook

08 fevereiro 2011

Esta inconstância de mim próprio em vibração
É que há-de transpor às zonas intermédias,
E seguirei entre cristais de inquietação,
A retinir, a ondular…
Há sempre um grande Arco ao fundo dos meus olhos…
A cada passo a minha alma é outra cruz,
E o meu coração gira: é uma roda de cores…
Não sei aonde vou, nem vejo o que persigo…
Já não é o meu rastro o rastro d’oiro que ainda sigo…
Resvalo pontes de gelatina e bolores…
– Hoje a luz para mim é sempre meia-luz…
….. (Subo por mim acima como por uma escada de corda,
E a minha Ânsia é um trapézio escangalhado…)

Mário de Sá-Carneiro | Indícios de Oiro

Breakdown

04 fevereiro 2011

Hey stranger!

E as incessantes oscilações do meu interior barómetro ao longo desses dez dias: saber que nunca hei-de esquecê-la; desejar vir a esquecê-la; recear vir a esquecê-la; ter a certeza de que a esquecerei e de que não a esquecerei.

David Mourão-Ferreira
Não sabe, não vê. Não quer ver. Não quer saber.
Não ama, nunca amou. Não vê. Não quer ver.
Não sente, não pode sentir, não deve sentir. Mas chora.
Não come, não dorme, não vive. Não quer viver.
Não luta, não sabe lutar, não vê. Não quer ver.
Não sorri, já não sabe sorrir. Não vive. Não sabe viver.

01 fevereiro 2011

Curtas 2010

"There are no facts, only interpretations" | Nietzsche. 15 Abril

Gostava de guardar o histórico dos meus pensamentos. 16 Abril

Diz que me ama. E eu, acredito nela. 17 Maio

"Depois de ter você, para quê querer saber que horas são?" | Bethânia. 18 Maio

O meu coração já não saltou, já não tremeu, por ele... 26 Maio

Teremos sempre o Mundo para falar. 13 Junho

LIFE IS A STATE OF MIND. 18 Junho

I'm just cold and numb as you. 19 Junho

Nada é meu, nada sou eu. 20 Junho

"Não posso adiar o amor para outro século. Não posso." | António Ramos Rosa. 30 Junho

Amavam-se loucos, haviam gritos de prazer naquela casa, naquela casa de luxúria | Contos de Milfontes. 10 Agosto

A memória fosca de uma felicidade. 14 Agosto

É assim. Quanto mais vivo, mais me cansa viver. 16 Agosto

As horas não passam. Que silêncio enlouquecedor. 17 Agosto

É constante esta dor. 19 Dezembro

29 janeiro 2011

25 janeiro 2011

Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.

No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida - como um peixe respira
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida

foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama

e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos,
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.


Maria do Rosário Pereira | Esta manhã encontrei o teu nome

24 janeiro 2011

Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão ,
Quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!

Ou guardo dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e não guardo o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.


Cecília Meireles | Ou isto ou Aquilo