27 fevereiro 2011

25 fevereiro 2011

24 fevereiro 2011

conheço de cor as curvas do teu sorriso
o cheiro da tua pele
os movimentos do teu corpo.

o vazio sem ti.

23 fevereiro 2011

o amor é uma verdade. é por isso que a ilusão é necessária. a ilusão é bonita, não faz mal. que se invente e minta e sonhe o que quiser. o amor é uma coisa, a vida é outra. a realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. a vida que se lixe. num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. ama-se alguém. por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. o coração guarda o que se nos escapa das mãos. e durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. não é para perceber. é sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. não se pode resistir. a vida é uma coisa, o amor é outra. a vida dura a vida inteira, o amor não. só um mundo de amor pode durar a vida inteira. e valê-la também.

 Miguel Esteves Cardoso # Claviceps Purpúrea
se a luz é tanta,
como se pode morrer?


Eugénio de Andrade

21 fevereiro 2011

Preciso habituar-me ao eco dos teus passos
numa casa deserta. 


Raul de Carvalho

18 fevereiro 2011

A woman under the influence | Cassavetes














Condenado à morte!
Há  já cinco semanas que vivo com este pensamento, sempre sozinho com ele, sempre gelado pela sua presença, sempre curvado sob o seu peso!

Vítor Hugo | O último dia dum condenado

16 fevereiro 2011




I remember the corner
The corner of your colours, the corner of youre smile, the corner where we kissed.
The street corners turning the corners of the corridor
into the corners of the room that we lay.
The corner of your mouth, of your eyes.
The corner of words we didn't finish.
The corner of your name
on the corner where we parted.
I remember the corner.

14 fevereiro 2011

Vivre sa Vie | Jean-Luc Godard
1 peq. almoço, 1 almoço, 1/2 jantar, 1 deitar.



















Porque o melhor, enfim
É não ouvir, nem ver...
Passarem sobre mim
E nada me doer!

Cessai de cogitar, o abismo não sondeis.

Adormecei. Não suspireis. Não respireis.


Camilo Pessanha

12 fevereiro 2011

Ontem à noite

Ontem à noite, depois da sua partida definitiva, fui para aquela sala do rés-do-chão que dá para o parque, fui para ali onde fico sempre no mês de junho, esse mês que inaugura o Inverno. Tinha varrido a casa, tinha limpo tudo como se fosse antes do meu funeral. Estava tudo depurado de vida, isento, vazio de sinais, e depois disse para comigo: vou começar a escrever para me curar da mentira de um amor que acaba. Tinha lavado as minhas coisas, quatro coisas, estava tudo limpo, o meu corpo, o meu cabelo, a minha roupa, e também aquilo que encerrava o todo, o corpo e a roupa, estes quartos, esta casa, este parque. E depois comecei a escrever…

Marguerite Duras



You don't know who you are
You just have to know that mirror look
And all, everyone, everything, is too much
For you
Persona | Bergman

Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
A minha face?


Cecília Meireles | Retrato

10 fevereiro 2011

fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido
com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro
do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir
que está tudo bem
: olhas-me e só tu sabes: na rua onde
os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas
não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão
desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós
olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver
sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de
medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto
dentro de mim: será que vou morrer? olhas-me e só tu sabes:
ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer:
amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um
oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga. 



José Luís Peixoto
Psycho | Alfred Hitchcook

08 fevereiro 2011

Esta inconstância de mim próprio em vibração
É que há-de transpor às zonas intermédias,
E seguirei entre cristais de inquietação,
A retinir, a ondular…
Há sempre um grande Arco ao fundo dos meus olhos…
A cada passo a minha alma é outra cruz,
E o meu coração gira: é uma roda de cores…
Não sei aonde vou, nem vejo o que persigo…
Já não é o meu rastro o rastro d’oiro que ainda sigo…
Resvalo pontes de gelatina e bolores…
– Hoje a luz para mim é sempre meia-luz…
….. (Subo por mim acima como por uma escada de corda,
E a minha Ânsia é um trapézio escangalhado…)

Mário de Sá-Carneiro | Indícios de Oiro

Breakdown

04 fevereiro 2011

Hey stranger!

E as incessantes oscilações do meu interior barómetro ao longo desses dez dias: saber que nunca hei-de esquecê-la; desejar vir a esquecê-la; recear vir a esquecê-la; ter a certeza de que a esquecerei e de que não a esquecerei.

David Mourão-Ferreira
Não sabe, não vê. Não quer ver. Não quer saber.
Não ama, nunca amou. Não vê. Não quer ver.
Não sente, não pode sentir, não deve sentir. Mas chora.
Não come, não dorme, não vive. Não quer viver.
Não luta, não sabe lutar, não vê. Não quer ver.
Não sorri, já não sabe sorrir. Não vive. Não sabe viver.

01 fevereiro 2011

Curtas 2010

"There are no facts, only interpretations" | Nietzsche. 15 Abril

Gostava de guardar o histórico dos meus pensamentos. 16 Abril

Diz que me ama. E eu, acredito nela. 17 Maio

"Depois de ter você, para quê querer saber que horas são?" | Bethânia. 18 Maio

O meu coração já não saltou, já não tremeu, por ele... 26 Maio

Teremos sempre o Mundo para falar. 13 Junho

LIFE IS A STATE OF MIND. 18 Junho

I'm just cold and numb as you. 19 Junho

Nada é meu, nada sou eu. 20 Junho

"Não posso adiar o amor para outro século. Não posso." | António Ramos Rosa. 30 Junho

Amavam-se loucos, haviam gritos de prazer naquela casa, naquela casa de luxúria | Contos de Milfontes. 10 Agosto

A memória fosca de uma felicidade. 14 Agosto

É assim. Quanto mais vivo, mais me cansa viver. 16 Agosto

As horas não passam. Que silêncio enlouquecedor. 17 Agosto

É constante esta dor. 19 Dezembro