19 dezembro 2011

Sabe que atravessou uma fronteira mas não sabe dizer qual. Se alguém lhe perguntasse faria um esforço e talvez encontrasse não a resposta certa mas a possível que calasse a pergunta. Mas não há quem lhe pergunte. Vai até ao espelho do quarto de banho e olha a sua cara. Tão estranho ter-se uma cara. O lugar dos olhos. O desenho dos lábios. A cor da pele. Passa água fresca sobre a cara. Não se seca com a toalha que está mesmo ao seu lado direito. Continua a olhar-se com a cara molhada. O que nos une é a mesma ignorância. É uma frase que lhe vem com frequência à cabeça nas últimas semanas.


Pedro Paixão, em Rosa Vermelha em Quarto Escuro

Sem comentários:

Enviar um comentário