19 março 2013

azul IX

Fascina-me a palavra azedo. Podemos adjectivar tudo (ou quase) com essa palavra. Comida, bebida, profissões, ambientes, sentimentos, e até pessoas! Como aqueles dias em nós próprios nos sentimos azedos, que qualquer palavra proferida deixa esse rasto de podridão e que transfere essa mesma podridão para os outros. Ou vice-versa. Ou ainda mesmo aquelas pessoas que não sabem senão ser azedas, que escondem no olhar essa vivência sempre ao lado da suposta. Ou que até vivem a suposta vida, mas com o peso do mundo nas costas, azedo, azedadas. E aos sentimentos, aqueles mesmo azedos, que nos enjoam só de os sentir. Aquela quase constante azia na língua e o ardor que faz um buraco no estômago. Como se mesmo provocando o vómito, restasse ainda um fundo azedo, nefasto, como carne morta. É morto o odor do azedo. Sim, fascina-me a palavra azedo.

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