03 janeiro 2015

vinte e seis primaveras

Se te servir de algo …
Sei, agora, o que sucumbo ao frio pela hora em que a noite desperta a eternidade daquilo que insiste
Tudo o que liberto pelos poros é um vislumbre do quanto prefiro crer
Como se deixasse de ti, hoje, apenas uma musa para os meus devaneios das rimas que desafio
E se toda a realidade daquilo que invento, mascaro, encubro e orquestro, me calasse a voz e pusesse numa pauta a melodia de um dia, um outro de nós…
Seria apenas a simples melodia que nos acompanha o tormento de uma noite… com a chuva lá fora e uma insónia que a assiste
E não há música alguma que me tire o frio que sinto, não preciso.
Já foi tempo de sobra as memórias que esgotei, de tanto pensar aniquilei o meu clamor, [há infernos que subsistem] 
e já nem há reflexo algum na água em que me afogo lentamente, assim… Para que ninguém repare nisso.
No entanto, chego à ideia de que o reflexo existe, a água é que não, 
e o afogamento é mais uma ilusão desses contos que derivam à escrita… Escolho não escrever…
Já era hora de partires, não te vagueeis mais nesse pedestal imenso que inventas, um dia cair-te-á a humildade e já eu sou gelo derretido, não me vês…
Vamos tentar, vamos tentar outra vez… Eu apago a luz e tu desapareces de vez.

HM


Londres, 2 de Janeiro de 2015

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