09 julho 2013

Por um rosto chego ao teu rosto, 
noutro corpo sei o teu corpo. 
Num autocarro, num café me pergunto 
porque não falam o que vai 
no seu silêncio aqueles cujo olhar 
me fala da solidão. 
Esqueço-me de mim. Tão quieto 
pensando na sua pouca coragem, a minha 
sempre adiada. Por um rosto 
chegaria o teu rosto, mesmo de um convite 
ousado fugiria, esta mão conhece-te 
e desenha no ar o hábito 
por que andou antes de saíres 
do espaço à sua volta. Estás longe, 
só assim podes pedir algumas horas 
aos meus dias. Sem fixar a voz 
a tua voz é uma corda, a minha 
um fio a partir-se.


Héder Moura Pereira

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