Afinal somos feitos de regressos.
My fault, my failure, is not in the passions I have, but in my lack of control of them. Jack Kerouac
31 janeiro 2013
30 janeiro 2013
26 janeiro 2013
incessantemente isto.
Andavam pela casa amando-se no chão e contra as paredes. Respiravam exaustos como se tivessem nascido da terra, de dentro das sementeiras. Beijavam-se magoados até se magoarem mais. Um no outro eram prisioneiros um do outro e livres libertavam-se para a vida e para o amor. Vivendo a própria morte voltavam a andar pela casa amando-se no chão e contra as paredes. Então era música, como se cada corpo atravessasse o outro corpo e recebesse dele nova presença, agora serena e mais pobre mas avidamente rica por essa pobreza. A nudez corria-lhes pelas mãos e chegava aonde tudo é branco e firme. Aquele fogo de carne era a carne do amor, era o fogo do amor, o fogo de arder amando-se e por toda a casa, contra as paredes, no chão. Se mais não pressentissem bastaria aquela linguagem de falar tocando-se como dormem as aves. E os olhos gastos por amor de olhar, por olhar o amor. E no chão contra as paredes se amaram e pela casa andavam como se dentro das sementeiras respirassem. Prisioneiros libertados, um no outro eram livres e para a vida e para o amor se beijaram magoando-se mais, até ficarem magoados. E uma presença rica, agora nova e mais serena, avidamente recebeu a música que atravessou de um corpo a outro corpo chegando às mãos onde toda a nudez é branca e firme. Com uma carne de fogo, incarnando o amor, incarnando o fogo, contra o chão das paredes se amaram pressentindo que andando pela casa bastaria tocarem-se para ficarem dormindo como acordam as aves.
Joaquim Pessoa
25 janeiro 2013
21 janeiro 2013
19 janeiro 2013
15 janeiro 2013
14 janeiro 2013
Afirmas que brigamos. Que foi grave.
Que o que dissemos já não tem perdão.
Que vais deixar aí a tua chave
E vais à cave içar o teu malão.
Mas como destrinçar os nossos bens?
Que livro? Que lembranças? Que papel?
Os meus olhos, bem vês, és tu que os tens
Não te devolvo – é minha – a tua pele.
Achei ali um sonho muito velho,
Não sei se o queres levar, já está no fio.
E o teu casaco roto, aquele vermelho
Que eu costumo vestir quando está frio?
E a planta que eu comprei e tu regavas?
E o sol que dá no quarto de manhã?
É meu o teu cachorro que eu tratava?
É teu o meu canteiro de hortelã?
A qual de nós pertence este destino?
Este beijo era meu? Ou já não era?
E o que faço das praias que não vimos?
Das marés que estão lá à nossa espera?
Dividimos ao meio as madrugadas?
E a falésia das tardes de Novembro?
E as sonatas que ouvimos de mãos dadas?
De quem é esta briga? Não me lembro.
ROSA LOBATO DE FARIA
11 janeiro 2013
10 janeiro 2013
não achas que chegou a hora? um dia ainda me dizes que já não há nada. mais nada no lado de fora do tempo. os anos, sabes? essa maré que nos salva e afoga, que ora nos traz, ora nos leva. o amor ou a dor. sempre o amor ou a dor ou um lugar, ou a hipótese de um lugar. qualquer ponto no universo onde a estrada acabe. onde o tempo acabe. onde toda a memória possa pairar como um céu sobre o passado. sobre todos os passados. tu sabes. um dia ainda me dizes tudo isto outra vez. não achas que chegou a hora?
09 janeiro 2013
08 janeiro 2013
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